Caiu do céu em uma quinta-feira.
Ninguém sabia de onde vinha.
Ninguém sabia o que poderia ser.
Mas todo mundo concordou que era a coisa mais incrível que
já tinham visto.
A rotina de um jardim e de seus pequenos moradores é
perturbada quando um estranho objeto redondo e colorido cai do céu. Seria uma
bola de chiclete? Talvez uma estrela cadente (ou até mesmo um pequeno planeta).
Alguém duvidou que ela tivesse caído do céu, só poderia ter surgido do chão,
como uma flor. Cada bichinho vai dando a sua opinião ~ e é claro que nenhum
deles poderia adivinhar que se tratava mesmo de uma linda bolinha de gude.
O mais curioso (e engraçado) é que nem o meu filho adivinhou
do que se tratava o objeto. Também pudera, nunca viu uma bolinha de gude na
vida, olha só que absurdo! Tive que explicar para ele o que era e como se joga.
Onde é que se vende bolinha de gude hoje em dia gente, alguém sabe? Essas
crianças modernas não sabem de nada mesmo… hahaha! ;)
Para a surpresa de todos, na manhã seguinte o esperto Senhor
Aranha começa a afirmar que a Maravilha do Céu é dele e, pasmem, começa a
cobrar ingressos para exibi-la. No começo foi uma folha por pessoa, depois o
valor aumentou para duas. Quanto mais as filas cresciam, maior o preço do
ingresso. Não tinha mesmo como isso dar certo por muito tempo.
Depois que a Maravilha é levada de volta para o céu por uma
criatura de cinco patas (a mãozinha de uma criança, muito gracinha!), o Senhor
Aranha se vê sozinho, sem ajuda para recomeçar. Mas como não existe criatura
mais paciente do que uma aranha, ele vai descobrir uma maneira de dar a volta
por cima e atrair novamente a sua clientela.
As ilustrações dos irmãos Fan são incríveis. Eles
privilegiam o preto e branco para destacar a beleza e o exotismo da bolinha de
gude (e de diferentes elementos ao longo da história, como as folhas de
“pagamento” e outras maravilhas do céu). Os animais são ao mesmo tempo
realistas e lúdicos e as paisagens noturnas são especialmente bonitas, com o
clarão da lua e o brilho dos vaga-lumes. O livro tem uma estética um pouco mais
escura e carregada do que estamos acostumados dentro do universo infantil, mas
nem por isso menos interessante e sedutora. Eu gostei muito.
A história tem como primeiro elemento a brincadeira de achar
graça do que os animais imaginam ser a Maravilha do Céu (e ajuda muito se a
criança estiver familiarizada com uma bolinha de gude, não preciso nem falar,
né?). Em seguida somos apresentados a um segundo tema, da ganância e da
exploração, quando o personagem do Senhor Aranha vê no objeto desconhecido uma maneira
de explorar os demais e lucrar.
O mais curioso é que o final da história pode ser
interpretado de duas formas. O Senhor Aranha acaba descobrindo uma maneira de
capturar novas maravilhas do céu ~ mas não fica claro se ele vai continuar
explorando a ingenuidade dos outros animais ou não. Eu acabo privilegiando um
final mais feliz nas leituras para o meu filho, mas a verdade é que eu acredito
que os autores tenham insinuado um desfecho mais “vida real” mesmo para a
história, usando o Senhor Aranha para expor sutilmente o caráter explorador do
capitalismo.
Quem tiver interesse em conhecer o livro por dentro e não
tiver uma livraria por perto, pode assistir a esse vídeo dos autores lendo a
história (em inglês). A edição brasileira da Catapulta Junior é super bonita,
tem formato grande (25 x 25 cm) e capa dura.
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